Amigo
- Minha Baixada
- 14 de jan. de 2018
- 2 min de leitura
Dine Estela: Hoje não é Dia do amigo, mas resolvi refletir sobre o assunto. Depois de 40 anos acho que já estou na época da colheita. Pelo menos nas redes sociais são mais de dois mil! Mas será que estão todos por perto mesmo. Vamos ver quantos amigos tenho realmente.
Antes das redes sociais, tive tantos amigos na infância, adolescência e juventude mas aos 42 anos não sei onde eles estão. A não ser pelas fotos das redes sociais. Então peguei o telefone e liguei para uma meia dúzia que ainda estava na minha lista de contatos e aí descobri que eram apenas contatos de trabalho e não amigos de verdade. Perceber a grande diferença foi muito dolorido.
Mas não desisti e liguei assim mesmo, afinal são anos de convivência com estas pessoas. Alguns mais de 20 anos, outros quase dez anos e uns com cinco anos ou mais. Pessoas que conviviam mais comigo do que minha própria família. Eram horas juntas, digo mais de 12 horas por dia, às vezes.
Para cada um, eu disse que estava com saudade e queria marcar um encontro. Todos concordaram mas nenhum apareceu ou quis sair da sua zona de conforto. Os compromissos com o núcleo familiar estavam em evidência. Ou seja, marido, namorado e filhos.
Pensei em recriminar mas olhei para o meu próprio umbigo e percebi que sempre estive na mesma situação. Minhas prioridades nos últimos anos também foram estas: filhos, marido e trabalho. E os amigos de trabalho foram ficando nos trabalhos por onde passei. E olha que foram muitos.
Pessoas maravilhosas mas que no instante em que colocava o pé para fora da empresa desapareciam da minha vida literalmente. Nunca recebi ligações deles nos finais de semana ou feriados para um Happy hour. Tá acho que exagerei aqui. Até recebi sim, mas também priorizei meu núcleo familiar.
Hoje quando vejo estes mesmos amigos rodeados de outros amigos e não me vejo nessas fotos fico pensando: por que não estou ali. Por que quase nunca estou entre eles. Será que minha companhia não agrada. Mas eu tenho um papo legal. Sou inteligente, agradável, sei contar uma piada..só uma: a do pintinho mas pelo menos as pessoas riem…rsrs…
Fiquei triste e deprimida com essas dúvidas e até tentei procurar alguns amigos. Cheguei a visitá-los, ir nas suas festinhas de aniversários, convidar para as minhas, mas comecei a reparar que eu sempre estava disponível ao contrário deles. Então voltei para a minha toca.
Vale ressaltar que encontrar um amigo mesmo dentro do seu núcleo familiar não é coisa fácil. Por isso. Se você tem um amigo de verdade. Não deixe escapar e faça por onde não perder, porque é algo muito raro hoje em dia e geralmente você só descobre essa raridade nas horas de mais dificuldade da sua vida.
Então valorize aquele amigo que sai da sua zona de conforto quando você precisa dele. Que não mede esforços para te ajudar e que está sempre disposto a te ouvir sem usar essas informações para te julgar um dia.
Estar rodeado de pessoas quando você tem algo para oferecer é muito fácil. Naquelas horas que se quer apenas um ombro amigo, um companheiro para um café já começa a complicar.
É preciso sim ter amigos. O que será de nós sem eles? Nos tornaremos pessoas egoístas, centralizadoras e que pensam sempre primeiro em si mesmas, segundo em si mesmas, terceiro em si mesmas e assim por diante.
Reflexões do Dia. Dine Estela
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