A Semana de Combate à Intolerância religiosa começou com uma bateria de debates nesta quarta (18)

O primeiro dia da Semana Nacional e Combate à Intolerância Religiosa realizada pelo CEAP (Centro de Articulação de Populações Marginalizadas) começou com muitos debates sobre as novas formas de combate e identificação desta prática centenária e tão perniciosa para a humanidade. O evento desta quarta (18) foi realizado no Centro Cultural do Tribunal de Justiça do Rio na Cinelândia.

Neste primeiro dia, os debates giraram em torno da política, Religiões e Democracia com o objetivo analisar e debater as lutas pela liberdade, diversidade e pluralidade religiosa promovida pelos grupos religiosos marginalizados à luz do diálogo inter-religioso.

Participaram desta mesa do Prof. Dr. Paulo Baía – Sociólogo, Cientista Político e Prof. da UFRJ, Mônica Francisco - Dep Estadual do RJ / Prof. Dr. Wallace de Moraes - Prof do Departamento de Ciência Política e dos Programas de Pós-Graduação em História Comparada (PPGHC) e de Filosofia (PPGF) - Coordenação da mesa: Prof. Dr. Babalawô Ivanir dos Santos

Também estiveram na mesa de debate, temas como as religiões no campo do direito debatendo os processos construtivos das relações de poder, fomentadas durante séculos no Brasil, entre as religiões e a política. Nesta mesa estiveram o prof. Dr. José Roberto Tambasco - Defensor Público Federal, representante na Região Sudeste do Grupo de Trabalho Sobre Comunidades Tradicionais (DPU) e no Conselho Nacional dos Povos e Comunidades Tradicionais, Dr. Júlio José Araújo - Procurador da República, Dr. Hédio Silva Júnior - Coordenador Executivo do Instituto de Defesa dos Direitos das Religiões Afro-Brasileiras - IDAFRO, Profa. Dra. Lusmarina Campos Garcia – Pastora e Teóloga Luterana, Doutora em Direito pela UFRJ. A coordenação da mesa foi realizada pela Deputada Estadual (RJ) Martha Rocha – Presidente da CPI contra de Intolerância Religiosa.

Na parte da tarde, os debates continuaram em torno das religiões nos meios de comunicação realizando uma sucinta análise sobre os processos construtivos das relações de poder entre as religiões e a política nos meios de comunicação, buscando possibilitar o entendimento dos múltiplos conflitos entre os movimentos religiosos e as instituições religiosas no Estado brasileiro. Esta mesa contou com a participação da Profa. A Dra. Helena Theodoro (LUPA/CARNAVAL), Prof. Dr. Sílvio Tendler - Cineasta, Profa. Dra. Diane Kuperman – Jornalista, PhD em Comunicação Social, representa o judaísmo nos Conselhos Estaduais de Direitos Humanos e de Promoção da Liberdade Religiosa, Mestranda Clarissa Monteagudo – Jornalista Especializada em Comunicação Comunitária, Dra. Bárbara Pereira - Jornalista e Doutora em Memória Social. Coordenação: Dra Mônica Alexandre Santos.

A jornalista Clarissa Monteagudo destacou sua participação dentro dos veículos em que trabalhou para dar voz às religiões de matriz africana, “No Rio não tinha interlocução para falar das questões de racismo, intolerância, etc. Na Bahia tinha federação, mas no Rio não tinha ninguém. Nosso trabalho dentro do Extra exigiu a criação dessa interlocução com os movimentos e líderes de comunidade de terreiro, então começamos a acionar, eu mesma inseri no nosso registro de fontes, o contato do professor Ivanir e da comissão de combate a intolerância religiosa”, lembrou com orgulho.

Barbara Pereira – candomblecista, jornalista desde 1986, com rádio e TV e doutora em memória social – levantou o debate sobre regulação de mídia que entrará em voga novamente. “Vamos ter que discutir que mídia a gente quer e quem estará em destaque nestas mídias. E será que as igrejas não estão exacerbando seu tempo nestas programações. Vamos precisar ficar atentos a estas questões”, destacou.

A professora, doutora, Helena Teodoro destacou a importância do lugar de fala “Temos que exigir respeito sim, temos de ter o nosso direito de fala sim. Nós somos frutos de nossos avós e preservar nossa ancestralidade é fundamental e primordial para o desenvolvimento e a beleza do mundo. Não estamos falando somente de cultos, mas de uma cultura ancestral que rege a lei da vida”, observou Helena finalizando os debates desta assa.

Neste primeiro dia de intensos debates ainda estiveram em pauta, temas como: Proteção Internacional do Direito Humanos à Liberdade Religiosa - Desafios para nova Conjuntura, além do Estado laico, liberdades e pluralidades, debatendo sobre os desafios para a promoção do Estado laico, das liberdades e da tolerância diante do cenário atual e do avanço do conservadorismo.

Esta mesa contou com a participação do prof. Dr. Marcelo Natividade - Antropólogo, jornalista, Coordenador da Linha de Pesquisa Gira - estudos em Religião, Direitos Humanos e Políticas de sexo e gênero no Núcleo de estudos de Políticas Públicas em Direitos Humanos (NEPP-DH) da UFRJ, Prof. Dr. Carlos Gustavo Vianna – Desembargador do TJRJ e Prof. PUC/RJ. Coordenação: Profa. Dra. Rachel Aguiar – Coordenadora de Ensino do NEPP-DH, Diretora do NEABI, Membra do Coletivo de Docentes Negras e Negros da UFRJ e da APAN.

Dr. Rachel Aguiar – coordenadora do grupo de pesquisa NEABI/UFRJ destacou os perigos do extremismo religioso da negação do outro, que não é uma prerrogativa dos evangélicos, “Alguns segmentos católicos também praticam essa ação ultraconservadora, assim como tem o ultra conservadorista espírita, judaico, dentre outros. Precisamos olhar o esforço interreligioso dos fundamentalistas e que tinham o apoio do governo que estava em curso. Todas estas questões têm um alinhamento com o poder econômico, segundo nossas pesquisas. A religião está sendo usada para alcançar objetivos políticos e econômicos”, observou.

As atividades deste dia se finalizaram com o lançamento da quinta edição da Revista Intolerância Religiosa editada por KOINONIA com abordagens interdisciplinares sobre o tema intolerâncias religiosas no Brasil e no Mundo, inserida nos parâmetros dos debates em torno do Estado Laico, Diversidade e Direitos Humanos.

Nesta QUINTA - 19 de JANEIRO - as atividades da Semana de Combate à Intolerância Religiosa começa Às 15h com o lançamento do Vídeo: Intolerância Religiosa e Racismo Religioso, um debate público ainda necessário! - Realizado por KOINONIA, além do Lançamento do II Relatório Sobre Intolerância Religiosa: Brasil, América Latina e Caribe. As atividades deste dia também acontecem no Centro Cultural da Justiça Federal - CCJF Na Av. Rio Branco, 241 – Centro.