Resistência Negra*: Revelando a História Oculta do Povo Negro no Brasil

A série documental "Resistência Negra", disponível no Globoplay desde o Dia da Consciência Negra, oferece uma exploração detalhada da história da resistência negra no Brasil. 

Com apresentação de Larissa Luz e Djonga e idealizada pelo professor doutor babalaô Ivanir dos Santos, a produção mergulha em temas como aquilombamento, trabalho, política, cultura, religião e educação ao longo de cinco episódios. 

Utilizando o simbolismo de um barracão de escola de samba, a série proporciona uma reflexão sobre como o povo negro enfrentou desafios e persiste até os dias de hoje.

Ao ser concebida pela própria população negra e contar com referências como "Faça a Coisa Certa" de Spike Lee, a série se propõe a trazer uma visão autêntica e relevante da cultura afro-brasileira. Essas narrativas históricas são cruciais para compreendermos as bases do presente e reconhecermos os agentes que moldaram nossa sociedade.

 Falar a partir do próprio movimento negro, representado por figuras como Ivanir dos Santos, é crucial para garantir uma narrativa autêntica e fiel às experiências, lutas e conquistas desse grupo. Isso permite que a série transmita não apenas uma história, mas também os sentimentos, desafios e triunfos vividos pelos protagonistas reais dessas batalhas. Ter uma voz interna do movimento negro como parte integrante da produção fortalece a autenticidade e a representatividade da série, possibilitando uma abordagem mais profunda e verdadeira das questões enfrentadas pela comunidade negra no Brasil.

Ao trazer depoimentos de pesquisadores, ativistas do movimento negro e figuras históricas, a série destaca a perspectiva dos verdadeiros protagonistas dessa narrativa. Nomes como Emília do Patrocínio, Zumbi dos Palmares, Benedita da Silva, Carolina Maria de Jesus, André Rebouças e Francisco José do Nascimento (o Dragão do Mar) têm suas trajetórias relembradas, evidenciando o árduo caminho de transformação na interpretação dessa história ao longo do tempo.

Além disso, figuras contemporâneas como Erica Malunguinho, Conceição Evaristo e Julio de Sá compartilham suas próprias experiências em entrevistas inéditas, ressaltando que a luta pela igualdade e reconhecimento ainda permanece viva e relevante para as próximas gerações. A série não apenas resgata momentos cruciais da resistência negra, mas também destaca a contínua importância dessa batalha por justiça e inclusão.

Sobre os capítulos: 

A série documental, em seus cinco episódios, não apenas retrata a construção de um carro alegórico, mas tece uma análise crítica da história, usando o barracão como metáfora. Começando com a imagem marcante dos negros no tumbeiro, o primeiro episódio, "Tecnologia Ancestral", revela os mais de 300 anos de exploração dos afrodescendentes no Brasil. Desde os quilombos até os movimentos atuais, destaca a resistência e as dificuldades enfrentadas pelo povo negro mesmo após a abolição.

No segundo episódio, "É tudo o mesmo suor", a narrativa se desdobra para mostrar que a alforria não eliminou a subalternidade. A esfera econômica é explorada, evidenciando a exploração trabalhista, a invisibilidade do empreendedorismo negro e a luta por direitos civis em períodos como a pandemia da Covid-19.

" A gente tem um trato", o terceiro episódio, transforma a repressão em celebração da identidade negra. Destaca a riqueza cultural através da capoeira, música, dança e religião, mostrando como essas expressões foram reconhecidas, apesar das adversidades históricas.

O quarto episódio, "As leis para a população preta", reverencia abolicionistas, mas joga luz na realidade do encarceramento em massa de pessoas negras desde a Constituição nacional, expondo as lutas atuais contra o racismo estrutural.

Finalmente, "Descobrir o Brasil", o episódio conclusivo, simboliza a reexistência do povo negro. Destaca a educação como uma ferramenta para construir um futuro melhor, homenageando grupos culturais, artistas e manifestações que resistem e moldam a história do país. A série é uma narrativa crucial que desvela as camadas históricas da opressão e resiliência do povo negro no Brasil.